«Ela tinha um dom especial. Fazia alguns trabalhos deste tipo para ajudar as pessoas e lá ia ganhando algum dinheiro para apoiar a família. Mas quando saiu de casa tive um mau pressentimento e disse-lhe: ‘Ó mulher, não vás, mas nada adiantou».
O desabafo, com lágrimas nos olhos, é de Salvador Correia, que há 15 anos vivia com Teresa.
No dia 1 de Fevereiro à noite, a mulher de 43 anos, residente em Arada, Ovar, foi traída por uma onda na praia do Furadouro. Estava com três amigas, a fazer mais um "trabalho" para libertar "maus-olhados", que nada puderam fazer para a socorrer. O seu cadáver foi resgatado pelas autoridades já durante a manhã.
Aos 43 anos, Teresa Fagundes, natural do Funchal, deixa órfãs três crianças, de 6, 10 e 12 anos. O companheiro está desempregado.
O que Teresa ganhava com as artes de bruxaria era o sustento da família. «Ela vai-me fazer muita falta e às crianças também. Não sei que vai ser da minha vida», continuou Salvador Correia, ainda na noite em que a esposa desaparecera no mar. A esperança de a resgatar com vida era nula.
Nas imediações da casa de Teresa, o ambiente era anteontem de tristeza e consternação. A vizinhança conhecia bem a mulher e o seu dom. «Ela não se dava mal com ninguém. Não era pessoa de arranjar confusão», garantem os vizinhos.