O bispo da diocese do Funchal, D. António Carrilho, está apostado na reintegração plena no clero diocesano do padre José Martins Júnior, que ficou conhecido como ‘o padre vermelho da Madeira’.
O sacerdote, agora com 70 anos, foi suspenso do exercício do múnus sacerdotal a 27 de Julho de 1977, pelo então bispo do Funchal, D. Francisco Santana, devido à sua actividade política, considerada contrária às orientações católicas.
Ordenado em 1962, o padre Martins Júnior foi nomeado pároco de Ribeira Seca em Maio de 1974 e, graças ao apoio incondicional do povo, nunca mais abandonou a paróquia. Nem aquando dasuspensão,em1977,nem aquando da confirmação do "castigo", em Fevereiro de 1985, por D. Teodoro Faria.
Foi presidente da Câmara de Machico pela UDP entre 1990 e 1998, tendo depois exercido funções de deputado, pelo PS, na Assembleia Regional da Madeira.
Como nunca deixou de exercer o múnus sacerdotal e, inclusive, a função de pároco, o Ministério Público, após denúncia, instaurou-lhe, em 1991, um processo crime de "abuso de designação, sinal ou uniforme", conforme a Concordata de 1940. Tinha imunidade como deputado e o julgamento foi agendado para o mês passado. Só que a Concordata foi entretanto revista e o artigo que considerava este crime caiu. O julgamento foi suspenso.
D. António Carrilho, bispo do Funchal desde Outubro do ano passado, foi arrolado como testemunha, mas já fez saber que pretende o regresso do sacerdote e admite considerar válidos todos os sacramentos por ele ministrados.
Fonte: Texto da autoria do Correio da Manhã